Suspiro...

Tal como árvores despidas , num Outono sem fim . Tal como raízes que rasgam as profundezas da terra e que prometem. Que prometem que os sonhos voltam. E que são só isso, sonhos. Sentia-se dividida, parada no tempo. As tais raízes desfiguravam-na também. O seu sonho, como se fosse frágil bola de sabão, desfizera-se. Com ele era como viver o mundo duas vezes. Era como captar o mundo num momento de saudade e voar mais alto. Eternizaram os rostos e as almas e
eram felizes. Juntos sobreviviam às conjecturas, às especulações, a um punhado de facas sombrias e cortantes...Eram, e só o facto de o serem juntos levava-os a sonhar, a voar tão alto quanto a utopia. Não tinham barreiras.E cruelmente, ela concluiu que a felicidade é sempre interrompida por alguém. Neste caso a inveja. Aquela que fincou as suas facadas no sentimento que os unia, e num ápice criou a cicatriz mais profunda, mais cruel... a separação. Ela correu, o mais depressa que pode. Enquanto corria vendava os olhos,
tapava os ouvidos, pois não queria ouvir esta palavra, 'separação'. Queria, sim, ouvi
r o bater do coração mútuo que de alguma forma ainda os unia. Mas a maldita palavra equava por todos os lados. E quanto mais ela corria mais a perseguia. Gritava-lhe até. Um grito áspero e cortante que a chamava e que tomara conta deles. Tudo se desfizera, mas aquele conjunto de letras continuava acorrentada à alma e o ruído impedia o movimento e a visão. O ambiente tinha-se tornado verdadeiramente insuportável.Agora , só queria agarrar - se ao tempo . Só queria quebrar as grades que limitavam o seu corpo e deixar - se voar . Era uma luta , e seria ...

Mónica*