
Mais um dia de chuva, pachorrento, mas marcante...
Calcava ela as ruas da uniforme calçada e cada gota de chuva ainda a corroía mais, cada pequeno pingo assemelhava-se a uma tesourada. Era como se esta criatura se tratasse de um desenho animado que se soltara da sufocante folha de papel, com a intenção de viver desfrutando ao máximo de cada suspiro.
Permaneciam no seu rosto traços melancólicos, um sorriso invertido, uns olhos opacos, que não brilhavam para o mundo, o seu rosto tinha-se exposto a um suicídio de luz. O seu semblante estava molhado, contudo não era devido às gotas da vagarosa chuva. Pelas suas faces corria uma cascata, mas as suas águas não eram cristalinas, estavam poluídas pela tristeza e frieza que lhe haviam depositado na alma. Cada gota que caía desta cascata fervilhava no rosto, frisando dor e depois desaparecia, assim, sem deixar rasto.
Instantaneamente, acercaram-se dela dois seres. Um escondia-se numa capa preta criando um certo mistério ao seu redor, pois de dentro da dita capa só espreitavam dois olhos maquiavélicos transbordando falsidade.
Já o outro, por onde passava pintalgava tudo com um colorido brilhante, espalhava felicidade e sorrisos. Vinha trajado com uma vestimenta um pouco invulgar e não escondia o seu rosto a ninguém.
Por mais estranho que pareça neste último traçava-se um perfil frágil, apresentava uma cor pálida e só as doces e suculentas maças do rosto se salientavam no meio de tanta monotonia. Suculentas? Perguntam vocês. Sim, eram suculentas porque jorravam um doce sumo, era uma mistura única e inexistente noutro lugar. Neste líquido único podiam-se saborear o sumo da fruta da felicidade, o açúcar dos sonhos e tantos outros paladares inigualáveis.
O ser de capa escura lembrava o "homem do fraque", parecendo que vinha cobrar dívidas. Os seus olhos, esses sim, davam arrepios fazendo crer que distribuíam mentiras e enganos. Fazia-se acompanhar de um chapéu negro, pintalgado, aqui e ali, por manchas de pó, como se no seu passado esta assombrada personagem tivesse o seu posto atrás de qualquer porta, vigiando todos os ínfimos passos das pessoas, mas sendo esquecido ao olhar de todas elas.
A tal rapariga que parecia um desenho (pouco animado, diga-se de passagem) ficou assustada, baralhada, sentia-se como um pêndulo de um gasto relógio e o silêncio congelou as suas incertas palavras.
O seu pensamento, estava a ser alvo de uma amálgama de enganos, falsas promessa, e opostamente, de sonhos e um próspero futuro.
O ser pitoresco, euforicamente, pincelava-a de sorrisos, olhos resplandecentes, sonhos que a levavam a passear em nuvens de algodão doce e que lhe davam o dom de coordenar o tempo, todos os desprezíveis minutos e segundos.
Contudo, num ápice lá estava o ser sombrio a amarrá-la a grilhões, a vendar-lhe os olhos de certezas e a retirar-lhe toda a magia envolvente.
A ela apetecia-lhe fugir, sentia uma vontade desenfreada de se isolar num mundo só seu, pois temia escolhas, opções, dois caminhos distintos… Eram dois mundos e raro era o ser que optava sem temer por um deles. O mundo do ser oprimido, da solidão da certeza, da exclusão do sonho e, pelo contrário, o mundo do ente animado, satisfeito, espalhando o fumo que extraía dos lápis de cor quando os seus habitantes fumavam a vida. Porém uma dúvida permanecia no ar. Questionava-se qual seria a razão para este último demonstrar uma certa fragilidade. Enquanto o indivíduo funesto aparentava ser de carne e osso, o ser vivaz não o demonstrava. Parecia um ser utópico, mas ao mesmo tempo sobressaía nele uma forma tão real. Pois até tinha o seu fundo de razão para parecer assim tão débil. Toda a gente até então tinha sido persuadida pelo ser das trevas. E mais uma vez ele queria iludir um ser, e o alvo agora era aquela franzina moça e num gesto feroz coseu-lhe a boca com linha absorta em estrépitos pois não a queria deixar optar, queria demonstrar todo o seu domínio.
Pobre moça! Estava encurralada pela chuva e esta manchava-lhe o coração de uma forma tão desumana e cada vez a selava mais ao chão. Aquele ser malvado, como se não bastasse, ainda teve a ousadia de envolver a personagem num saco de plástico embebido em vírus de amargura e prisões de sentimentos. Porém a força que era movida pelo coração do ser brilhante foi o bastante para ele conseguir dilacerar o maldito saco e descartou-se dele num tom triunfador, querendo de uma forma renascer e lutar pelos seus direitos, não deixando que as pessoas se deixem levar por tendências e falsas promessas, demonstrando à Humanidade que não é legítimo esconderem os sentimentos que vagueiam na imensidão dos seus corações.
Após se ter libertado do saco nefasto não parou de chover, até pelo contrário, choveu mais intensamente, todavia a constituição da chuva alterou-se. Era agora composta por tinta colorida da verdade, da esperança e cada gota tinha um pequeníssimo clone do coração do ser feliz. Cada pequena lágrima de chuva era tão densa de tudo o que de bom a vida tem que podia mudar o mundo em segundos.
Nesse instante a escuridão foi suprimida a uma poça de água negra, no chão, que deixou de ter efeitos quando a água límpida da cascata que descia do céu se uniu com ela.
A pequena jovem enriqueceu a sua alma e transformou-se numa “pessoa”, com amplos sentidos, preenchida de sonhos, liberta de amarras e grilhões, sem a boca cosida podendo gritar ao mundo o quanto ia ser feliz, esboçando um esplêndido sorriso. Enfim, vivendo e usufruindo do verdadeiro significado do bater do coração. Tinha, naquele tocante mumento, eternizado o seu rosto e a sua alma com o ser marchetado e, essa criatura única, como se fosse um vidro estilhaçado, dividiu-se em pequenos pedaços que penetraram cada pequeno ser, cada pequena “coisa”, tornado cada dia mais intenso, mais verdadeiro, imensamente mágico mas ao mesmo tempo autêntico.
Não te deixes prender por um opaco desenho animado, que esconde a face, que não sente os batimentos suaves e marcantes do coração, deixa sim, que os lápis de cor e os pincéis da vida te dêem uma cor monocromática, a cor do brilhar dos olhos. Não cries resistência quando um ser utópico (mas que não deixa de demonstrar o real caminho que devíamos seguir) te queira completar, fazendo com que o facto de viveres apaixonadamente cada milésimo de segundo, se torne uma senda.
Calcava ela as ruas da uniforme calçada e cada gota de chuva ainda a corroía mais, cada pequeno pingo assemelhava-se a uma tesourada. Era como se esta criatura se tratasse de um desenho animado que se soltara da sufocante folha de papel, com a intenção de viver desfrutando ao máximo de cada suspiro.
Permaneciam no seu rosto traços melancólicos, um sorriso invertido, uns olhos opacos, que não brilhavam para o mundo, o seu rosto tinha-se exposto a um suicídio de luz. O seu semblante estava molhado, contudo não era devido às gotas da vagarosa chuva. Pelas suas faces corria uma cascata, mas as suas águas não eram cristalinas, estavam poluídas pela tristeza e frieza que lhe haviam depositado na alma. Cada gota que caía desta cascata fervilhava no rosto, frisando dor e depois desaparecia, assim, sem deixar rasto.
Instantaneamente, acercaram-se dela dois seres. Um escondia-se numa capa preta criando um certo mistério ao seu redor, pois de dentro da dita capa só espreitavam dois olhos maquiavélicos transbordando falsidade.
Já o outro, por onde passava pintalgava tudo com um colorido brilhante, espalhava felicidade e sorrisos. Vinha trajado com uma vestimenta um pouco invulgar e não escondia o seu rosto a ninguém.
Por mais estranho que pareça neste último traçava-se um perfil frágil, apresentava uma cor pálida e só as doces e suculentas maças do rosto se salientavam no meio de tanta monotonia. Suculentas? Perguntam vocês. Sim, eram suculentas porque jorravam um doce sumo, era uma mistura única e inexistente noutro lugar. Neste líquido único podiam-se saborear o sumo da fruta da felicidade, o açúcar dos sonhos e tantos outros paladares inigualáveis.
O ser de capa escura lembrava o "homem do fraque", parecendo que vinha cobrar dívidas. Os seus olhos, esses sim, davam arrepios fazendo crer que distribuíam mentiras e enganos. Fazia-se acompanhar de um chapéu negro, pintalgado, aqui e ali, por manchas de pó, como se no seu passado esta assombrada personagem tivesse o seu posto atrás de qualquer porta, vigiando todos os ínfimos passos das pessoas, mas sendo esquecido ao olhar de todas elas.
A tal rapariga que parecia um desenho (pouco animado, diga-se de passagem) ficou assustada, baralhada, sentia-se como um pêndulo de um gasto relógio e o silêncio congelou as suas incertas palavras.
O seu pensamento, estava a ser alvo de uma amálgama de enganos, falsas promessa, e opostamente, de sonhos e um próspero futuro.
O ser pitoresco, euforicamente, pincelava-a de sorrisos, olhos resplandecentes, sonhos que a levavam a passear em nuvens de algodão doce e que lhe davam o dom de coordenar o tempo, todos os desprezíveis minutos e segundos.
Contudo, num ápice lá estava o ser sombrio a amarrá-la a grilhões, a vendar-lhe os olhos de certezas e a retirar-lhe toda a magia envolvente.
A ela apetecia-lhe fugir, sentia uma vontade desenfreada de se isolar num mundo só seu, pois temia escolhas, opções, dois caminhos distintos… Eram dois mundos e raro era o ser que optava sem temer por um deles. O mundo do ser oprimido, da solidão da certeza, da exclusão do sonho e, pelo contrário, o mundo do ente animado, satisfeito, espalhando o fumo que extraía dos lápis de cor quando os seus habitantes fumavam a vida. Porém uma dúvida permanecia no ar. Questionava-se qual seria a razão para este último demonstrar uma certa fragilidade. Enquanto o indivíduo funesto aparentava ser de carne e osso, o ser vivaz não o demonstrava. Parecia um ser utópico, mas ao mesmo tempo sobressaía nele uma forma tão real. Pois até tinha o seu fundo de razão para parecer assim tão débil. Toda a gente até então tinha sido persuadida pelo ser das trevas. E mais uma vez ele queria iludir um ser, e o alvo agora era aquela franzina moça e num gesto feroz coseu-lhe a boca com linha absorta em estrépitos pois não a queria deixar optar, queria demonstrar todo o seu domínio.
Pobre moça! Estava encurralada pela chuva e esta manchava-lhe o coração de uma forma tão desumana e cada vez a selava mais ao chão. Aquele ser malvado, como se não bastasse, ainda teve a ousadia de envolver a personagem num saco de plástico embebido em vírus de amargura e prisões de sentimentos. Porém a força que era movida pelo coração do ser brilhante foi o bastante para ele conseguir dilacerar o maldito saco e descartou-se dele num tom triunfador, querendo de uma forma renascer e lutar pelos seus direitos, não deixando que as pessoas se deixem levar por tendências e falsas promessas, demonstrando à Humanidade que não é legítimo esconderem os sentimentos que vagueiam na imensidão dos seus corações.
Após se ter libertado do saco nefasto não parou de chover, até pelo contrário, choveu mais intensamente, todavia a constituição da chuva alterou-se. Era agora composta por tinta colorida da verdade, da esperança e cada gota tinha um pequeníssimo clone do coração do ser feliz. Cada pequena lágrima de chuva era tão densa de tudo o que de bom a vida tem que podia mudar o mundo em segundos.
Nesse instante a escuridão foi suprimida a uma poça de água negra, no chão, que deixou de ter efeitos quando a água límpida da cascata que descia do céu se uniu com ela.
A pequena jovem enriqueceu a sua alma e transformou-se numa “pessoa”, com amplos sentidos, preenchida de sonhos, liberta de amarras e grilhões, sem a boca cosida podendo gritar ao mundo o quanto ia ser feliz, esboçando um esplêndido sorriso. Enfim, vivendo e usufruindo do verdadeiro significado do bater do coração. Tinha, naquele tocante mumento, eternizado o seu rosto e a sua alma com o ser marchetado e, essa criatura única, como se fosse um vidro estilhaçado, dividiu-se em pequenos pedaços que penetraram cada pequeno ser, cada pequena “coisa”, tornado cada dia mais intenso, mais verdadeiro, imensamente mágico mas ao mesmo tempo autêntico.
Não te deixes prender por um opaco desenho animado, que esconde a face, que não sente os batimentos suaves e marcantes do coração, deixa sim, que os lápis de cor e os pincéis da vida te dêem uma cor monocromática, a cor do brilhar dos olhos. Não cries resistência quando um ser utópico (mas que não deixa de demonstrar o real caminho que devíamos seguir) te queira completar, fazendo com que o facto de viveres apaixonadamente cada milésimo de segundo, se torne uma senda.
Mónica*

:O Mónica, és uma autêntica ilusionista de palavras, é tão alucinante a forma como tu decreves as coisas i como contas uma histéria, entramos noutro mundo, na minha opinião, continuando assim, tu vais ter futuro ^^
ResponderEliminar